A madeira de demolição vem se tornando um material cada vez requisitado em projetos de arquitetura e decoração, tanto pela sua beleza característica, quanto por sua durabilidade e sustentabilidade. Versátil, ela é utilizada para revestir paredes e pisos e também para fazer móveis e acessórios, como aparadores, buffets, racks, baús, estantes, cadeiras, banquetas e mesas, em especiais as mesas para a sala de jantar e a de estar. Também é usada em portas, janelas, painéis de TV e lareiras. A decoração com madeira de demolição tem um toque rústico, mas em muitos projetos pode apresentar sofisticação – tudo vai depender do projeto!
Neste livro de ideias, você vai conhecer o que é madeira de demolição, de onde ela vem, quais as madeiras de que ela é feita, os móveis mais comumente feitos com ela e o processo de restauro, além das características, dos cuidados e da manutenção da madeira de demolição. E vai saber ainda como escolher esse material que ainda não tem certificação, o que significa que é preciso procurar empresas sérias e de boa reputação. Confira!
Como o próprio nome já diz, a madeira de demolição é aquela que tem origem na demolição de alguma construção como casas, tulhas, galpões, fazendas, fábricas, barracões ou armazéns, geralmente no meio agrícola. São na maioria construções antigas que não tem mais condições de serem reformadas. Há ainda outras matérias-primas bastante utilizadas. Uma delas são os dormentes de linhas ferroviárias que, ao serem substituídos por peças novas, podem ser reaproveitados na arquitetura, na construção civil e na decoração. Outra são as cruzetas, perfis usados em postes de energia elétrica com a função de dar sustentação aos fios de energia.
Tanto os dormentes como as cruzetas são confeccionados com madeiras de lei, como peroba, ipê, jacarandá, carvalho e angelim, por causa de sua maior durabilidade. Essas e outras madeiras nobres, como castanheira, aroeira, canela, pinho de riga, perobinha do campo, cerejeira, jatobá e braúna, estão hoje indisponíveis no mercado e, portanto, são reaproveitadas de obras demolidas em projetos novos, com aspecto e uso totalmente diferentes dos originais. A madeira de demolição mais comercializada atualmente é a peroba rosa, matéria-prima proveniente do Sul do País, onde se fazia uso em massa dela na construção civil.
A madeira de demolição é dividida em duas categorias: peças e tábuas. As tábuas são aquelas usadas originalmente como piso ou parede, enquanto as peças eram utilizadas nas colunas da obra, na estrutura do telhado e como barrotes para receber o piso.
O uso de madeira de demolição na arquitetura e na decoração tem infinitas possibilidades e costuma agregar sofisticação ao ambiente. Ela tem sido bastante utilizada em pisos e em painéis que revestem paredes, conferindo um toque rústico ao espaço. A madeira de demolição também é muito utilizada na fabricação de portas, molduras de janelas, painéis para a TV, lareiras, escadas e jardins verticais. Não menos relevante é o seu uso no mobiliário, como mesas, cadeiras, tampos, cômodas, baús, aparadores, buffets, cristaleiras, divisórias, racks e estantes, entre outros móveis.
É preciso lembrar, no entanto, que a madeira proveniente de cruzetas, dormentes e postes de iluminação só pode ser utilizada em áreas externas. Isso porque há uma grande chance de estarem impregnados com creosoto, um produto tóxico derivado do alcatrão, que costumavam ser injetado na madeira para aumentar a sua durabilidade.
Um aspecto que fica evidente no uso de madeiras de demolição é a sua sustentabilidade, uma vez que o reaproveitamento de madeiras antigas significa menos extração de madeiras comuns. E o crescente aumento da busca por sustentabilidade, certificações de produtos de origem florestal e materiais ecologicamente corretos, a madeira de demolição tem ganhado espaço em projetos de arquitetos, engenheiros e designers.
Tendo isso em vista, não é de se admirar que o Brasil seja referência mundial no que se diz respeito à madeira de demolição, estando entre os países que mais exportam produtos e mão-de-obra. Os EUA e a Europa são os principais consumidores da madeira de demolição brasileira, apesar do mercado interno estar se expandindo com o crescimento de projetos arquitetônicos com esse material.
Mas a aquisição da madeira de demolição ainda requer cuidados, pois, com a alta procura pelo material, muitas empresas estão vendendo madeiras novas com aparência de desgastadas, ou seja, estão falsificando o material e deixando de lado o conceito sustentável. Isso acontece porque não existem normas sobre a aquisição de madeira de demolição, o que exige que se redobre a atenção quanto à procedência do material
Diferentemente das madeiras comuns, a madeira de demolição não tem um sistema de certificação. A única orientação existente hoje em dia é que se procure um fornecedor sério e com boa reputação. Um jeito de se verificar a autenticidade é pedir à fábrica para visitar o estoque e observar o estado original das tábuas, que devem chegar com pregos, marcas e vestígios de tinta. Outra possibilidade é questionar a procedência e pedir documentos, como fotografias e atestados da demolidora, por exemplo. E, se possível, acompanhar algumas etapas de transformação do material evitaria receber madeira trabalhada para parecer antiga. Também vale a pena preferir empresas que optaram pela certificação voluntária do Conselho de Manejo Florestal (FSC).
A madeira de demolição toma a forma desejada após ser higienizada e receber tratamento adequado. Nenhuma peça será igual à outra, graças às marcas deixadas por pregos ou pelo desgaste natural da madeira, entre outras condições.
O que se pode afirmar com certeza é que a madeira de demolição, sendo de grande qualidade e idade avançada, tende a ter grande durabilidade, desde que não sofra condições extremas, como a exposição ao fogo ou um regime de molha e seca.
Destacando a beleza de veios e ranhuras, a antiguidade da madeira é, aliás, um ponto positivo em termos práticos, já que com o tempo ela deixa de ressecar, empenar e envergar. A madeira de demolição também se destaca pela resistência a cupins e intempéries.
(Na imagem, piso de demolição.)
O restauro da madeira de demolição começa pela limpeza. Ela é feita com máquinas de água de alta pressão em vez de substâncias químicas corrosivas que podem danificar o material. Após estarem secas, as tábuas precisam ser aplainadas para ficarem com a mesma espessura. Depois, elas são cortadas lateralmente para receber encaixes do tipo macho e fêmea (o mais comum) ou empena (espécie de chanfrado). Elas podem ainda ficarem lado a lado, sem encaixes, o que dá um efeito mais rústico.
A madeira precisa ser protegida da umidade para não apodrecer. Para isso, existem diversos tipos de ceras e vernizes cuja escolha depende do local de instalação e do resultado estético pretendido – ou seja, natural, fosco ou brilhante. Por exemplo, o piso da sala de estar pode cera de carnaúba, enquanto as áreas externas recebem melhor resina com filtro solar. Em geral, os profissionais indicam resina à base de água, que tem o toque aveludado da cera, é inodora, não mancha em contato com a água e dispensa o uso da enceradeira. De preferência, na versão fosca, que é a que menos altera o aspecto natural da madeira.
Nunca é demais lembrar que a madeira deve evitar todo contato com a água, portanto não se deve usar pano molhado no piso com esse material. Depois de varrer ou aspirar o pó, deve-se passar um pano apenas levemente úmido, quase seco. Qualquer sujeira ou mancha eventual pode ser retirada com palha de aço.
(Na imagem, piso de demolição).
A seguir, alguns exemplos de madeira de demolição utilizada na arquitetura e decoração:
